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O Pastor, os Católicos e o Diálogo

24/06/2017 - Atualizado em 25/06/2017 | Por: Pascom

Papa Bento XVI no Encontro inter-religioso pela Paz em Assis (Itália) - 27/10/2011

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* Padre Sandro Rogério dos Santos

Ninguém ousaria discordar de que a polarização na arena política logo afetaria os outros ambientes. Afinal, as pessoas que tratam da política têm família, comunidade, círculo de amigos etc. O ambiente embaçado confunde a visão e obnubila o entendimento. O imbróglio da semana foi a divulgação de um vídeo no qual o pastor protestante Cláudio Duarte, durante pregação para os seus, disse ter ido, a convite, numa paróquia e afirmado que Maria não é a mãe de Deus, ela teria tido relações sexuais com São José e, por fim, ressaltou ter falado essas coisas no ambiente católico, para católicos.

 

Reações ácidas e intransigentes não tardaram a surgir. Verdadeira revolta nas redes sociais. Uma paróquia mineira se manifestou acusando o pastor de mentiroso, pois naquela ocasião não tratou do tema polemizado. Hoje, ainda, é possível encontrar as raivosas manifestações contra o pastor na internet. A difamação da pessoa tem sido prática corriqueira entre os que pensam diferente. Não suportando discutir ideias parte-se para a ofensa pessoal, a desconstrução da imagem e a associação indevida de fatos e pessoas.

 

Combater o outro o tornará melhor? Afirmar aquilo que acredita é simplesmente ofender o outro? Sentar-se à mesa significa comungar todas as ideias e práticas das outras pessoas? Não estaria faltando capacidade de dialogar, procurando fomentar a unidade sem com isso aniquilar a diversidade de dons e opiniões? Este escriba não busca o irenismo nem gostaria de ser visto como um tolo e útil relativista, mas ressaltar que o fechamento só levará a mais intransigência e violência. O pastor, dizendo-se ‘tolo’ neste caso, desculpou-se por desrespeitar quem na igreja católica o respeita.

 

Bento XVI afirmou, em 2015, que “o testemunho cristão não se faz com o bombardeio de mensagens religiosas, mas com a vontade de se doar aos outros «através da disponibilidade para se deixar envolver, pacientemente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas, no caminho de busca da verdade e do sentido da existência humana”. Em 2014, foi a vez de Francisco: “O desafio [de inserir-se no diálogo com os homens e mulheres de hoje] requer profundidade, atenção à vida, sensibilidade espiritual”. Ao que acrescentou: “dialogar significa estar convencido de que o outro tem algo de bom para dizer, dar espaço ao seu ponto de vista, às suas propostas. Dialogar não significa renunciar às próprias ideias e tradições, mas à pretensão de que sejam únicas e absolutas.”

 

Urge baixar a temperatura, desarmar-se de mundo e revestir-se de espírito cristão. Sem o ‘olho por olho’ da retaliação, desejo de vingança ou ofensa rasteira e com o sincero desejo de que o mundo veja nos cristãos um jeito novo de vencer os obstáculos e de manifestar o Reino de Deus já atuando na história. Testemunhar Jesus defendendo o Evangelho nas suas premissas básicas e conteúdo integral, não quando se procura autorreferenciadamente salvaguardar único ponto doutrinal. É preciso ‘ser um’ para que o mundo creia.

 

Eu, Sandro, professo a fé cristã, católica. Tenho vivo sentimento de estima, admiração e creio na comunhão dos santos. A Santa Igreja quando diz “Maria é Mãe de Deus” professa sua fé na divindade de Jesus, cem por cento Deus e cem por cento homem. O Filho de Deus – que é igualmente Deus – encarnou-se no seio da Virgem Maria para a nossa salvação. Desde os primórdios, ela é venerada como modelo e inspiração para a vida cristã. E invocada como quem está sempre atenta para as necessidades dos filhos de Deus. Afinal, de filho, ela entende.

 

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!


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