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O Homem de Nazaré

30/04/2017 - Atualizado em 11/05/2017 | Por: Pascom

O Homem de Nazaré

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* Padre Sandro Rogério dos Santos

Continuemos a contemplar Jesus caminhando pela sua terra natal. Ele é a um só tempo uma pessoa normal – nascida e crescida ali, assimilando costumes locais para inserido ajudar as pessoas a darem o passo final para a libertação plena – e uma pessoa ‘anormal’, pois conhecido dos seus não conseguia se manifestar completamente, era visto com alguma desconfiança.

Quantos milagres, sinais e prodígios, Nazaré deixou de ver porque Ele era considerado o “filho de José e de Maria” e “seus irmãos” lhes eram conhecidos. Ou seja, veio pobre em meio aos pobres, onde cresceu e trabalhou. Não poderia oferecer nada além do que os que ali nasciam e viviam poderia. Uma visão estreita que até hoje, passados dois mil anos, perdura. Um profeta não é bem recebido na própria pátria.

O vizinho talvez tenha encontrado uma forma mais adequada de organizar a comunidade, transformando-a num lugar melhor para todos. Mas, uma vez que a ideia não tenha partido de uma pessoa importante, um desses figurões que ostentam diplomas e certificados mil, então, não vale à pena gastar tempo com conversa fiada de quem quer apenas se aproveitar da boa-fé alheia. Que a comunidade fique como está.

Destaquemos que, além da comunidade permanecer como está, os críticos de sempre continuarão a apontar as falhas, sem se darão ao luxo de apresentar saídas para o que criticam. De fato, há em todos os lugares os profissionais da crítica. Choveu, está ruim. Estiou, está ruim. Esfriou, está ruim. Esquentou, idem. Jesus revelou-nos o rosto de Deus e revelou-nos a nós mesmos. Feito homem, humaniza-nos.

Jesus olhava nos olhos dos seus interlocutores. Tento imaginar a profundidade e a beleza desse olhar sedutor. O profeta Isaías fala de um Deus que o leva ao deserto e aguça os seus ouvidos com palavras tão profundas que o seduz. Jeremias também experimentou a sedução do Senhor: “seduziste-me… eu me deixei seduzir”. Mas entre os seus, nem todos se deixaram alcançar. Muitos lhe viraram as costas.

A humanidade de Jesus choca, pois a carne assumida parece vil. Há os combatentes dela. Desde filósofos antigos, há quem veja na carne (humanidade) uma prisão, um corpo de morte e que deve ser superado, negado… Jesus elevou a condição humana. E há tantos hoje rebaixando-a. Nem penso nos que preferem animais ao ser humano, naqueles que em vez de cônjuge e filhos, preferem cães e gatos.

Quiçá seja uma forma modernosa de aplicação do ‘é bom que o homem não esteja só’ do Gênesis. Para combater a solidão o homem sai a procura não mais de uma igual que lhe seja compatível, mas tenta reinventar a roda, refazer a ordem natural, artificializar a vida, os sentimentos, os vínculos, o sentido de tudo. Enche-se de vazio na ânsia de preencher o vazio interior. Voltemos ao olhar de Jesus.

Ali na multidão ninguém era número, mais um. Se alguém o tocasse, ainda que na barra do manto, Ele percebia, acolhia, saia a procura, correspondia à busca. Ninguém podia nem pode sair igual estava após um encontro com Ele. Ou sai melhor, disposto a nova vida, novos rumos. Ou sai pior, sem disposição para a novidade do caminho, entristecido por não conseguir se desprender da vida velha e opaca.

Jesus cria nas pessoas que nele confiam as forças de que precisam para viver. Cria um espaço livre em torno delas para viver. Cria um espaço livre em torno delas no qual podem construir-se, estender-se, alargar-se. Ele lhes dá a esperança de uma vida de êxito e um objetivo que dá a seu caminho direção e meta”.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

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