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Livrai-nos, da tristeza!

23/02/2017 - Atualizado em 24/03/2017 | Por: Pascom

Livrai-nos, da tristeza! Sorria!

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* Padre Sandro Rogério dos Santos

Na missa, perguntei às pessoas quais delas tinham feito boas coisas durante a semana. Cerca de vinte por cento respondeu afirmativamente. Noutra missa, perguntei “quem fez alguma coisa ruim na semana” e, rindo, todas (!!!) levantaram a mão. Em muitos de nós, observo, há cultivo de sombras, tristezas, decepções e feridas passadas.

O “dia mais feliz da minha vida” quase nunca é lembrado, mas aquela rejeiçãozinha, a palavra atravessada, a perda de algo ou de alguém é fonte de tristeza e abatimento constantes. Pequenas perdas nos deixam sorumbáticos até o fim da vida. Há quem na agonia final ainda cultiva tristezas de antanho. Grandes conquistas, quase sempre, não nos deixam felizes por muito tempo.

A pessoa aguardou tanto tempo para comprar o carro. Empenhou-se nas economias, visitou concessionárias, trocou ideias com amigos e expertos no assunto, fez teste drive e quando o adquiriu a alegria logo passou. Foi tomado por mil preocupações. Após o casamento, o casal engravida. Quanta alegria! Gerar vida, ser pai/mãe… a gravidez transcorre numa boa e o nascimento da criança é só alegria —por alguns instantes. Logo, vem a tristeza do choro do bebê e o não saber direito o que fazer. Depois, o separar-se da criança para trabalhar, ir à escola, quando faz alguma arte na juventude.

Muitas pessoas, na infância, tiveram mais atenção e presença dos pais quando não estavam bem (doença ou tristeza). Ao cultivarem, hoje, suas tristezas e feridas estão implorando atenção de todo mundo. Como o mundo não é pai nem mãe, não recebem a atenção e se aprofundam no buraco do qual gostariam de sair. Vão de decepção em decepção. É preciso enfrentar-se. Quando nos olharemos mais amorosa e positivamente? Quando reconheceremos que assumir as tarefas do dia a dia com empenho, vivacidade e amor é fazer coisas boas e ajudar a transbordar o mundo de alegria? Quando nos permitiremos o direito de errar e, levantando, tentar ser e fazer melhor?

Você que hoje se levanta para trabalhar, faz coisas boas e poderá viver muitas pequenas alegrias neste dia dando um sorriso, acolhendo com atenção às pessoas, não retrucando com mau humor o comportamento enfadonho do outro. Você que se empenhou nos estudos ou que visitou alguém a quem havia tanto tempo não via; você que escutou com atenção e afeto; você que se desdobrou para pôr a casa em ordem; você que rezou, que levou as crianças à escola, que ajudou alguém a atravessar a rua, que recolheu o lixo, tampou a sua caixa d’água e limpou o quintal, que não varreu a sujeira pra debaixo do tapete nem pra frente da casa do vizinho… você fez coisas boas!

A transformação do mundo começa com um sorriso seu. A explosão de que o mundo carece é a de que façamos com amor e de modo extraordinário aquilo que é o ordinário da vida. É mais factível ser feliz hoje, levantando-se da cama, trabalhando, estudando, conversando, encontrando amigos e familiares, comendo, praticando esportes ou exercícios físicos do que ganhando prêmios e títulos de reconhecimento público.

Deixe de lado as mágoas e feridas passadas. Passado, passou. Nem Deus muda passado. Concentre-se naquilo que agora o ocupa: —como eu a escrever estas linhas— quanta alegria estar todo inteiro em cada parte e dar-se aos que de nós se aproximam sem nada dar e sem nada pedir. Assenhorar-se da situação atual de nossas vidas é um caminho para superar as tristezas e para transbordar a alegria de que o mundo anda tão carente, e por isso tão careta.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

 


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