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Ladrão de Jesus

04/06/2017 - Atualizado em 04/06/2017 | Por: Pascom

Sacrário (Imagem Ilustrativa)

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* Padre Sandro Rogério dos Santos

No mês de março deste ano, a ‘unidade’ da igreja universal do reino de Deus (IURD) na cidade de Taquaritinga fez uma grande provocação – para dizer o mínimo – à fé católica com a Campanha “Domingo do Pão Nosso”. Anexado ao panfleto, uma hóstia das usadas pelos padres para a celebração da eucaristia e, no verso, a estratégia escancarada:

“Siga os seguintes passos: 1- coloque esse pão em um local visível aos seus olhos, 2- deixe em sua casa até a data determinada; 3- no dia 26 de março, leve com você em uma das reuniões da igreja universal do reino de Deus. Dia 26 de março, vamos trocar o pão do mal pelo pão da vida, e determinar que todos tenham uma nova vida. O Senhor Jesus determinou: Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente. João 6:35.” E concluía com o horário e o endereço do evento. Em Nota, a IURD negou a promoção de tal prática.

Os fiéis católicos daquele município paulista escandalizaram-se ao ponto dos padres da cidade se manifestarem publicamente. Muitas mensagens indignadas circularam pela internet e até movimento de abaixo-assinado para processar a IURD surgiu. Hoje, não sei ao certo em que pé está a situação. Sei que pululam pelo país ‘roubos’ de hóstias consagradas. Gente que vai às missas com a doentia intenção de levar para casa (?) a hóstia. Há comunicados oficiais de bispos em diferentes dioceses pedindo atenção das comunidades para tal fato. Que sejam denunciadas todas as tentativas de profanação da sagrada eucaristia.

Lembrei-me da história acima ao tomar conhecimento que na quinta-feira, primeiro de junho, um assaltante levou o sacrário (espécie de ‘cofre’) com as hóstias consagradas do Oratório de Santa Paulina – do Centro Social São Damião, mantido pela Paróquia São Francisco de Assis, no jardim Everest, em Presidente Prudente –. Conforme o pároco da comunidade, padre Luiz Ignácio, o sacrário foi encontrado, fechado, a âmbula quebrada e o Santíssimo Sacramento dentro. Aos 9 de julho – dia de Santa Paulina – será celebrada a Santa Missa com a presença do bispo diocesano. Na ocasião, será feito o ato de reparação dessa profanação. Também será abençoado o novo sacrário a ser instalado nos próximos dias. Oportunamente, será divulgado o horário do evento.

Ao publicar essa notícia numa rede social, fiquei atento às reações (incrédulas, indignadas, questionadoras, piedosas, dentre outras) dos leitores. Destaco algumas: ‘lamentável’, ‘absurdo’, ‘que horror’, ‘misericórdia, Senhor!’, ‘onde vamos parar?’, ‘é o apocalipse’, ‘desrespeito ao sagrado’, ‘não respeitam nem a igreja’, ‘não respeitam nem a hóstia’… Em geral, as variações não fogem muito desse enfoque. Fiquei a pensar se a insensibilidade ao sagrado (ou pelo menos a mutação deste) não seria, de fato, grave e questionadora.

Não tenho informações quanto ao ladrão. Imagino-o acreditando que a igreja guardasse algum tesouro ou dinheiro naquela ‘caixa’ dourada – fato denotativo de que ele não era gente de igreja: desconhecia o que se guardava ali dentro –. A Igreja crê na presença de Jesus nas espécies consagradas. Ali está o imenso tesouro: Jesus, vivo, real, o Deus amado, a quem adora com sinceridade e verdade.

A dessacralização da vida não se manifesta apenas quando alguém violenta o prédio-igreja e rouba-lhe o sacrário (com ou sem hóstias dentro). O ser humano é desrespeitado, aviltado, vilipendiado, ignorado… O seu valor parece restrito ao que veste, come, onde mora e em que e com quem anda. Está adoentado. Clamamos misericórdia, imploramos cura. Que Jesus ‘roube’ o coração desse ladrão, libertando-o e curando-o com amor. Ele precisa.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

 


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