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Indústria do casamento

06/05/2017 - Atualizado em 11/05/2017 | Por: Pascom

Indústria do casamento

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* Padre Sandro Rogério dos Santos

Retomo argumento e texto de 2014. “Indústria do casamento” é expressão do cardeal Peter Erdö – secretário do III Sínodo Extraordinário dos Bispos (“A família no contexto da nova evangelização” – Vaticano, outubro de 2014). Concretamente, os padres sinodais convidaram a “acolher a realidade positiva dos matrimônios civis e, diferenças à parte, das convivências”, para acompanhar os casais na redescoberta do sacramento nupcial.

“Mas o anúncio – ressalva o texto – não pode ser meramente teórico e avulso dos problemas reais das pessoas”. Em alguns casos, por exemplo, convive-se porque “se casar é um luxo”. Neste sentido, é pedida uma denúncia por parte da Igreja contra “o excessivo espaço dado à lógica de mercado”, que impede “uma autêntica vida familiar, determinando discriminações, pobreza, exclusões e violência”.

Além de generalizada crise de fé, um motivo para muita gente “viver junto” sem o sacramento são custos financeiros do evento. Atuo, por exemplo, numa paróquia pequena, onde há cerca de 50 casamentos por ano; não são apenas pessoas abastadas financeiramente; até onde minha vista enxerga e o entendimento alcança, há celebrações de variados níveis de sofisticação. Não raro, escutamos: “casar na igreja é caro” ou, no dizer do relatório do sínodo, “casar é um luxo”. Que pena! Afinal, o sacramento é grátis, caro é o “circo” em torno dele. O casal cuja cerimônia não tenha nada de dispendioso nem seja aquele “dos sonhos” da noiva está liberado até do “aluguel” da igreja.

Os prestadores de serviço estão atentos às mutações dos desejos dos nubentes, querem proporcionar-lhes a festa mais especial e única e, para isso, há certamente um custo. Uma nova florzinha que entra com três ou quatro pajens que precisarão comprar/alugar a roupa. A fotografia e a filmagem que agora seguem tendências e produzem “sonhos”, “novos conceitos”, nada do registro tradicional. Se for preciso, tiram o padre/o pastor da frente – para que não atrapalhem o ângulo.

As flores, as velas, as luzes, o som… ah, o som! Os grupos vivem de casamentos na igreja, mas não estão dispostos a procurar no tesouro da tradição religiosa as canções que CELEBRAM o amor esponsal. Impõem suas canções de ocasião em geral divulgadas nos top hits das rádios ou nas trilhas sonoras das novelas que, sabemos, não são as mais legítimas defensoras da família. Algumas músicas, em língua estrangeira, são tão distantes do que se celebra que seria melhor Deus fosse surdo e não ouvisse expressões desvirtuadas do que pensam ser o amor.

Verdadeiro Deus-nos-acuda é que quando os padres/pastores “inventam” de querer regulamentar a cerimônia litúrgica. São tachados de intransigentes e chatos, menos de homens da igreja preocupados de que o essencial da doutrina e do sentido originais não se percam em meio a tantos penduricalhos fabricados por modismos e desconhecimento religioso daquilo que fazem. Eu gosto de assistir ao sacramento do matrimônio. Nem atrasos me deixam desnorteado na celebração. Sei que é um dia único e especial. Também reconheço que há muita gente boa envolvida nessa “indústria”. Mas a cultura atual parece medir forças com a fé.

Os casamentos estão cada vez mais restritos a atos sociais ou a tradicionalismo sem sentido; verdadeira mundanização. A bênção de Deus é gratuita! O custo do casamento vai do gosto dos nubentes e da oferta dos produtos dessa “indústria”. Bom seria se os noivos se dispusessem a um curso, não de um ou dois dias, mas de alguns meses. Entender o sacramento é o jeito de valorizar a família e de errar menos na cerimônia e no dia a dia.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!


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