Santa Sé

Catálogo de Virtudes Necessárias

16/11/2016 - Atualizado em 14/12/2016 | Por: Pascom

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5. Racionalidade e amabilidade. A racionalidade serve para evitar os excessos emocionais e a amabilidade para evitar os excessos da burocracia e das programações e planificações. São dotes necessários para o equilíbrio da personalidade: «O inimigo observa bem se uma alma é rude ou delicada; se é delicada, procura torná-la delicada até ao excesso, para depois mais a angustiar e confundir».[6] Todo o excesso é indício de qualquer desequilíbrio.

6. Inocuidade e determinação. A inocuidade, que nos torna cautelosos no juízo, capazes de nos abstermos de acções impulsivas e precipitadas. É a capacidade de fazer emergir o melhor de nós mesmos, dos outros e das situações, agindo com cuidado e compreensão. É fazer aos outros aquilo que querias que fosse feito a ti (cf. Mt 7, 12; Lc 6, 31). A determinação é o agir com vontade decidida, visão clara e obediência a Deus e somente pela lei suprema da salus animarum (cf. CIC, cân. 1725).

7. Caridade e verdade. Duas virtudes indissolúveis da vida cristã: «testemunhar a verdade na caridade e viver a caridade na verdade» (cf. Ef 4, 15).[7] De contrário, a caridade sem verdade torna-se ideologia da bonacheirice destrutiva e a verdade sem caridade torna-se justicialismo cego.

8. HOnestidade e maturidade. A honestidade é a rectidão, a coerência e o agir com absoluta sinceridade connosco mesmos e com Deus. Quem é honesto não age rectamente apenas sob o olhar do supervisor ou do superior; o honesto não teme ser apanhado de surpresa, porque nunca engana a quem se fia dele. O honesto nunca domina sobre as pessoas ou sobre as coisas que lhe foram confiadas em administração, como o «servo mau» (Mt 24, 48). A honestidade é a base sobre a qual assentam todas as outras qualidades. Maturidade é o esforço para alcançar a harmonia entre as nossas capacidades físicas, psíquicas e espirituais. É a meta e o bom êxito dum processo de desenvolvimento que não termina jamais nem depende da idade que temos.

9. Respeito e humildade. O respeito é dote das almas nobres e delicadas; das pessoas que procuram sempre ter em justa consideração os outros, a sua função, os superiores e os subordinados, os problemas, os documentos, o segredo e a confidencialidade; das pessoas que sabem ouvir atentamente e falar educadamente. A humildade, por sua vez, é a virtude dos santos e das pessoas cheias de Deus, que quanto mais sobem de importância tanto mais cresce nelas a consciência de nada serem e de nada poderem fazer sem a graça de Deus (cf. Jo 15, 8).

10. Dadivoso e atento. Quanto maior confiança tivermos em Deus e na sua providência, tanto mais seremos dadivosos de alma e mais seremos mãos abertas para dar, sabendo que quanto mais se dá, mais se recebe. Na realidade, é inútil abrir todas as Portas Santas de todas as basílicas do mundo, se a porta do nosso coração está fechada ao amor, se as nossas mãos estão fechadas para dar, se as nossas casas estão fechadas para hospedar e se as nossas igrejas estão fechadas para acolher. A atenção é o cuidado dos detalhes e a oferta do melhor de nós mesmos sem nunca cessar de vigiar sobre os nossos vícios e faltas. São Vicente de Paulo rezava assim: «Senhor, ajudai-me a dar-me conta, imediatamente, daqueles que estão ao meu lado, daqueles que vivem preocupados e desorientados, daqueles que sofrem sem o manifestar, daqueles que se sentem isolados, sem o querer».

11. Impavidez e prontidão. Ser impávido significa não se deixar amedrontar perante as dificuldades, como Daniel na cova dos leões, como David diante de Golias; significa agir com audácia e determinação e sem indolência «como bom soldado» (2 Tm 2, 3-4); significa saber dar o primeiro passo sem demora, como Abraão e como Maria. Por sua vez, a prontidão é saber actuar com liberdade e agilidade, sem apegar-se às coisas materiais que passam. Diz o salmo: «Se as vossas riquezas crescerem, não lhes entregueis o coração» (Sal 62/61, 11). Estar pronto significa estar sempre a caminho, sem jamais se sobrecarregar acumulando coisas inúteis e fechando-se nos próprios projectos, nem se deixar dominar pela ambição.

12. FiAbilidade e sobriedade. Fiável é aquele que sabe manter os compromissos com seriedade e atendibilidade quando está a ser observado mas sobretudo quando está sozinho; é aquele que ao seu redor irradia uma sensação de tranquilidade, porque nunca atraiçoa a confiança que lhe foi concedida. A sobriedade – última virtude deste elenco mas não na importância – é a capacidade de renunciar ao supérfluo e resistir â lógica consumista dominante. A sobriedade é prudência, simplicidade, essencialidade, equilíbrio e temperança. A sobriedade é contemplar o mundo com os olhos de Deus e com o olhar dos pobres e do lado dos pobres. A sobriedade é um estilo de vida,[8] que indica o primado do outro como princípio hierárquico e manifesta a existência como solicitude e serviço aos outros. Quem é sóbrio é uma pessoa coerente e essencial em tudo, porque sabe reduzir, recuperar, reciclar, reparar e viver com o sentido de medida.

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